O Afrocientista entra numa nova etapa, por esse motivo temos a satisfação de registrar neste espaço a percepção dos estudantes que participam do projeto e estão construindo suas identidades a partir de seu pertencimento etnico-racial.
Não é exagero afirmar que participar da construção do conhecimento é algo que não tem valor e ficará registrado em nossas memórias! É o sentimento dos residentes da Escola Henrique Lima ao participar do projeto afrocientista. Os depoimentos abaixo são relatos de jovens, que juntamente com professores e colaboradores estão descobrindo a riqueza do conhecimento africano e afrodescendente.
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Nesse processo de construção, o afrocientista Ryan percebeu que o empoderamento de pessoas negras foi resultado de muitas batalhas para conseguir os seus direitos de liberdade, pouca coisa mudou de antigamente pra hoje. Ele pontua também que a beleza negra não se encaixava no padrão da mídia, mas isso está mudando. Outro ponto importante também destacado pelo jovem estudante diz respeito ao preconceito com a cultura de favela que muitos vêem como coisa de marginal.
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Participativa nas atividades do programa, Ketelem afirma que sempre aprende bastante. Ao conhecer duas mulheres de produção da ciência, ela afirma:
- "Foi muito bom adquirir conhecimento de duas grandes cientistas negras. Eu gostei muito pelo fato de uma delas dar exemplos no finalzinho da aula sobre o que ainda acontece bastante na nossa sociedade, que é o preconceito da cor da pele, da textura do cabelo e de muitas outras coisas. E o preconceito é algo que eu acho que nunca vai deixar de existir porém temos que viver sempre em busca da igualdade. A presença de uma delas foi essencial pra termos um excelente exemplo.
Ela destaca tambem a importância do projeto: - " como não falar desse projeto? tá sendo incrível... eu amo muito participar".
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A satisfação de Luis Linard em participar do projeto se traduz nas suas palavras.
- "É uma honra participar desse programa. É muito bom estar tendo a oportunidade de aprender muitas coisas novas, com pessoas maravilhosas, que não recebem nada por isso, mas não tiram o sorriso do rosto quando estão nos ensinando".
Para o afrocientista as atividades são sempre maravilhosas e sempre aprendendo algo novo com elas, seja nas aulas, nos debates ou no Afrocine. Ele complementa que no programa tem a oportunidade de conhecer muitas personalidades negras importantes na nossa luta, como Madam C.J. Walker e Jacilene Brasil. Uma foi a primeira mulher negra empreendedora e primeira mulher negra a enriquecer por conta própria nos Estados Unidos; a outra, professora, socióloga e pesquisadora das questões raciais e de gênero.
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Melissa é uma jovem perspicaz nos debates do programa e na escrita. vejamos sua percepção ao participar do progama.
- "Apesar de todo o acesso que eu tive de alguns anos pra cá, não tinha tanto interesse sobre a cultura preta, a cultura do meu povo e as minhas raízes, por falta de incentivo, interesse e principalmente por falta de representatividade em tantos lugares, na escola, em desfiles, na televisão e muitos outros espaços".
- "Ouvir pessoas como eu, ser rodeada de pessoas como eu, me fez parar pra pensar em que novos passos eu estou dando e o quanto isso tem aberto a minha mente pra achar a minha própria identidade, pra aceitar quem eu sou e aprender a ouvir nossos ancestrais que se foram, aprender com eles, lutar como eles, e ensinar os que virão".
Para ela, o projeto Afrocientista é uma oportunidade de extrema importância para o desenvolvimento de aceitação e de aprendizado. E é bastante incisiva ao destacar que a educação precisa chegar nas escolas periféricas: -"Todos têm o direito de ter acesso, de estudar e se conectar com novos conhecimentos, porque não há inferiores e sim merecedores de toda educação que o Brasil pode disponibilizar, precisamos de mais acessos nas favelas".
- "Com as aulas do curso, tenho conhecido histórias difíceis, histórias que não estar no "retrato" do país de ordem e progresso. O que tem me feito levar a crer de que eu posso alcançar lugares de "poder", e que eu devo estar em ambientes que o sistema insiste em dizer que não é o nosso lugar".
- "Tenho muito a agradecer aos professores que estão fazendo parte desse projeto, e que estão acompanhando de perto o nosso desenvolvimento. A última aula que tivemos eu pude conhecer de perto uma história de uma mulher Acreana, preta, professora, militante: Jaycelene Brasil. E também sobre a história de Madam C.J Walker, que enfrentou o sistema branco, não sendo somente uma mulher preta, mas uma empreendora que abriu oportunidades de empregos pra tantas mulheres Afro-Americanas na sua empresa de comésticos, e não apenas isso, foi uma ativista de extrema importância pra nossa história, e seu nome é lembrado ao redor do mundo. Referência pra gente nunca pode ser demais. Obrigada curso e a todos os professores".
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Com profundeza de palavras, Rafael Tavares percebeu que o racismo vem de uma geração de séculos.
- "Há séculos o racismos não tinha uma lei para contê-lo, hoje em dia o racismo é crime, mais para isso houve pessoas que lutaram pela igualdade social e pelos direitos civis, muitos não conseguiram ter a conquista para revolucionar, mas após anos de luta pessoas negras conseguiram revolucionar, uma delas é o lider ativista que se tornou o primeiro presidente negro da África do sul nelson mandela que lutou pelos direitos civis em seu pais que vivia sob a segregação".
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Como fonte de inspiração para Vanessa Carmo, as atividades do Afrocientista são determinantes para ela engajar na luta
-"Como pessoa negra, participar do Projeto Afrocientista, tem sido uma experiência singular. É honroso ter o privilégio de poder conhecer de forma mais aprofundada sobre a história do meu povo. Ao mesmo tempo lamento por outras milhares de pessoas que não tem a oportunidade de acessar a esse conhecimento".
-"Tenho aprendido bastante através de aulas, rodas de conversa, debates e o nosso momento Afrocine. Fazer parte de tudo isso tem me impulsionado a pesquisar e aprender cada vez mais para que eu possa ser um meio de levar todo esse conhecimento à diante.
Todas as aulas são sempre proveitosas e nunca saio de nenhuma se ter aprendido algo novo".
Na perspectiva em relação ao empoderamento de mulheres negras, Vanessa ressalta a relevância e representatividade para ela.
- "Tivemos a honra de conhecer um pouco sobre a história de duas personalidades negras de extrema relevância na nossa luta. Duas mulheres negras, o que torna a representatividade ainda maior para mim.
- "De um lado, Jaycelene Brasil, Acreana, socióloga, professora, militante de direitos humanos e pesquisadora das questões raciais e de gênero. De outro, Sarah Breedlove, popularmente conhecida por Madam C.J Walker, empreendedora e primeira mulher negra que enriqueceu por contra própria nos Estados Unidos. Com certeza, ambas se tornaram inspirações para mim. Depois de conhecer suas histórias, estou mais determinada ainda a lutar por nossas causas e contribuir para a mudança de visão eurocentrada de que tudo o que provém do preto é sujo. Tenho orgulho do meu povo, meus traços e de ter herdado à sua coragem. Continuaremos na luta!".
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Com Singeleza, Nathy Ferreira descreve a experiencia de participar do projeto.
- "De acordo com as aulas que o projeto afrocientista tem me proporcionado, poderei expressar um pouco da experiência ao estudar o mesmo.
- "Os temas abordados em aulas anteriores tem sido uma grande reflexão de vida. Falar sobre desigualdade racial, social e do preconceito que infelizmente é a nossa realidade, tem sido gratificante pois estou adquirindo novos conhecimentos que antes não sabia. Além disso conhecendo história de cientista negros brasileiros que tanto lutaram pela igualdade. Isso me incentiva a lutar também por um mundo melhor onde todos tenham direito iguais.
- "Por falar em cientista vale ressaltar que no dia 09/06/2021 foi apresentado duas grandes cientistas negras, uma brasileira, na qual tive o privilégio de conhecer suas histórias inovadoras que dão força e incentivo a continuarmos lutando. Portanto só tenho a ganhar com este projeto que tanto nos retrata o quanto é importante lembrar nossos valores na sociedade".
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O Alegre e participativo Luiz Fernando relata a experiencia de conhecer, ainda que de forma virtual, uma cientista da área das ciencias humanas, tão atuante na educação. destaca a importancia do projeto ao tratar a origem da cor preta, e a importância de nos impor sobre diversas situações.
- "No dia 9 de junho, tivemos a honra de conhecer a personalidade negra, Jaycelene, com bacharelado em ciências sociais pela UFAC (1999) Licenciada em Ciências Sociais pela - FINOM (2010). Especialista em Gestão Estratégica de Políticas Públicas pela - UNICAMP (2017).
- "De longe uma mulher negra importante para muitos e com um extenso currículo, ela é nascida no Acre, uma personalidade na qual eu me senti impressionando em conhecer e que infelizmente eu não ouvia falar sobre se não fosse pelo projeto afrocientista. Ao decorrer do projeto até o mês de junho, vimos algumas personalidade negras, debatemos sobre o passado de nosso ancestrais, esclarecer muito sobre o rascimos pra quem não entendia.
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Para finalizar, Yasmin já tem conhecimento que a população negra é a maior do Brasil e problematiza:
- "Antigamente não haviam tantos meios para os autos cuidados dos cabelos, entre outros. Devido a isto a importância de ter cosméticos para negros. Ao longo do tempo, houve uma série de transformações estéticas em mulheres e a evolução da internet ensinando os autos cuidados, além disso os negros começaram a estar presentes no mundo da moda, os modelos e isso trouxe muita iniciativa para outros jovens.
Relatando sobre Madam Walker, ela descreve:
- "Ela sofreu problemas no couro cabelo, por causa da sua alergia com sabonetes , após conhecer Annie Malone, empresaria negra do ramo de produtos de cabelo, começou a aprender mais sobre cosméticos e desenvolveu sua linha. Auxiliou as pessoas, oferecendo emprego, contudo foram mais de 40 mil afros-americanas da pobreza.
E complementa: - "Nos anos 60 surgiu uma forma de renascimento cultural da comunidade negra dos EUA, a Lei dos Direitos Civis, de 1964, que encerrou as leis de segregação racial e permitiu, legalmente, que a população negra frequentasse os mesmos locais e ocupasse os mesmos lugares que a população branca, além das discriminações raciais.
Os relatos acima são muito gratificantes na medida em que, enquanto professores/pesquisadores, temos a missão de desconstruir "um conhecimento" que invilisibilizou durantes séculos saberes ancestrais, mas que a partir da Lei 10.639/03 tira do silenciamento a ciência, a tecnologia e o conhecimento africano e afrodescendente.
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